quinta-feira, 8 de março de 2012

Ausência paterna




A expressão dos sentimentos é fundamental para o desenvolvimento saudável de uma criança... 


Júnior* é uma criança de 8 anos e começou a agredir fisicamente o irmão e colegas da escola e a ter constantes crises de choro e gritos. A família, muito preocupada procura ajuda psicológica.

No decorrer das sessões Júnior passa a verbalizar seus sentimentos:

"Meu pai nasceu estragado, nasceu podre. Tem filho que acha que o pai dele é o melhor do mundo e tem filho que acha que o pai é o pior do mundo. O meu é o pior..."  

"O que adianta dar comida e casa e não dar atenção? Então era melhor eu estar em um orfanato." 

Somente a partir da expressão dos sentimentos e representação do seu mundo interno é que Júnior pode elaborar melhor o que vinha acontecendo e a ressignificar suas experiências. Passou a falar da raiva que sentia do pai, do sentimento de rejeição e abandono intensos que vivenciava. 
O fato do pai passar a maior parte do tempo fora de casa trabalhando e sempre estar cansado nos poucos momentos que estava com a família vinha sendo vivenciado pelo filho como falta de amor e indiferença. 
A partir do momento que Júnior começa a compreender o que vinha acontecendo, a elaborar melhor seus sentimentos e a expressá-los para a família de forma mais funcional a agressividade não precisava estar direcionada a outras crianças. Júnior começou então a construir relações mais saudáveis com os outros e consigo mesmo. 
Com intervenções no contexto familiar foi possível também tornar o ambiente em casa mais saudável, com a participação efetiva de todos. Foi reservado um tempo para estarem todos juntos e a importância da presença do pai ficou clara para a família. 
Muitas vezes coisas aparentemente simples não são percebidas até que algo mais grave aconteça.... neste caso foi necessário que Júnior começasse a adoecer psiquicamente para mobilizar a família para um processo de mudança. Quando estamos atentos aos pequenos sinais, podemos evitar maiores sofrimentos e desgaste. 


A Ludoterapia é a adaptação do processo psicoterapêutico para o universo infantil. Baseia-se no fato de que o brincar é um meio natural de auto-expressão da criança. O objetivo é ajudar a criança, através de diferentes tipos de linguagem, a expressar com maior facilidade seus sentimentos, seu jeito de ser, sua forma de se perceber e de perceber o mundo, seus conflitos e dificuldades.  A ludoterapia pretende que a criança construa uma forma mais atuante, sadia e autêntica de estar no mundo. Através de desenhos, pinturas, atividades projetivas, jogos, modelagem e outros recursos lúdicos, a criança representa seu mundo interno, simbolizando suas ansiedades, fantasias e conflitos.


* Nome fictício

Autor: Ananda de Moura Resende
           Psicóloga Clínica
           (22)98282052/3051-4719
           anandamoura@ig.com.br

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